A colheita de trigo do Paraná, que deverá ser novamente o maior produtor do cereal do país em 2015, avançou nesta semana para aproximadamente 5% da área do Estado e está a caminho de atingir mais um recorde. Produtores que investiram em cultivares de trigo com bom nível de resistência às doenças de difícil controle e com qualidade industrial garantem que terão um bom rendimento.
Segundo o engenheiro agrônomo especialista em trigo do Departamento Paranaense Economia Rural (Deral), Carlos Hugo Godinho, dois terços das lavouras em ponto de colheita apresentam boas condições e um terço com qualidade média e ruim. O trigo mais prejudicado foi plantado precocemente e está sendo colhido nas regiões mais quentes como no Norte do Paraná. “Nessas regiões, as perdas são motivadas por doenças foliares e na espiga, como a Giberela e a Brusone. Mas conforme a colheita vai evoluindo, a tendência é melhorar a condição da cultura”, explica.
Já na região de Londrina, que representa grande parte da produção do cereal no Estado, a expectativa é positiva. O engenheiro agrônomo Osmar Hideyoshi Tutida, relata que nessa região, grande parte da semeadura foi realizada com cultivares de diferencial genético e de maior teto produtivo. “Na primeira etapa de colheita não se esperava mesmo produtividades tão altas, especialmente por ser de cultivares menos resistentes. A expectativa é bem melhor daqui pra frente, depois da fase mais crítica de chuva no espigamento”, afirma.
Otimismo é sentimento dos irmãos Semchechem, tradicionais produtores de trigo da região do Vale do Ivaí. Mesmo com uma pequena redução de produtividade ocasionada pelas condições climáticas, a lavoura já dá bons sinais de que o trigo terá qualidade de panificação, conforme relata Elizeu Semchechem. “Diferentemente de produtores aqui vizinhos que tiveram perdas por doenças, nosso trigo não sofreu com o Brusone. Quem optou por cultivares menos resistentes, vai colher bem menos”, relatou. O fator decisivo para este desempenho, segundo o produtor, foi a escolha por cultivares com maior nível de resistência à Giberela e Brusone. “Vamos ter um trigo de qualidade nesta safra”, afirmou. No total, os irmãos plantaram quase 720 alqueires de trigo na região de Ivaiporã (PR).
Segundo Fernando Michel Wagner, gerente para o estado do Paraná de uma empresa de melhoramento genético de trigo, os maiores danos devem concentrar-se na região Norte e Oeste do Estado, especialmente nas primeiras semeaduras e com cultivares mais sensíveis à Brusone, doença que ataca a espiga e limita a formação de grãos. “É importante ressaltar que não existem no mundo cultivares de trigo imunes a esta doença. Porém, existe uma diferença significativa entre cultivares, independente de obtentor, sendo na escolha do material a ser semeado a maior ferramenta do agricultor, visto que o controle com fungicidas vem se mostrando limitado.”, ressalta Wagner.
A safra, estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), prevê um crescimento de 3% na produção de trigo no Paraná, totalizando 3,96 milhões de toneladas. Se confirmado, o volume representará um crescimento de 4% em relação a 2014, mesmo com área 5% menor em 2015. Já a expectativa para a produtividade é de um aumento de 9%, chegando a 2.991 quilos por hectare.
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