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Pedrinhenses afirmam que as memórias do Espaço Eco não irão virar cinzas

Um incêndio de grandes proporções atingiu as dependências do Espaço Eco de Pedrinhas Paulista na manhã desta quarta-feira, 28. Felizmente os danos foram apenas materiais, pois não havia ninguém no prédio. A prefeitura aguarda a liberação do espaço para calcular o prejuízo.

A Folha de Pedrinhas conversou com algumas pedrinhenses sobre este trágico incidente. Todas lamentaram a destruição do prédio e comentaram sobre suas experiências vividas naquele local, afirmando que essas memórias jamais serão queimadas ou apagadas.

Eternas

“As lembranças não pegam fogo, não viram cinzas, não se apagam”, salienta a empresária Marina Romano. “Mas é ruim não ter mais aquela referência”, pondera. “O que a gente vivencia fica com a gente, mas é sempre bom você olhar para aquele espaço e ver que o lugar onde você viveu muitas histórias está ali”.

Marina Romano: “Lembranças não pegam fogo, não viram cinzas, não se apagam”

Marina disse que não sabe ao certo a idade do prédio, mas que se lembra dele desde sempre. “Quando a gente era criança frequentava muito aquele espaço principalmente por causa da biblioteca”, lembra. “Um dia antes do incêndio estávamos comentando na nossa aula de italiano sobre o cheiro dos livros da biblioteca”.

Com o passar do tempo, o contato de Marina passou a ser com o salão de festas. “Como meu pai sempre foi da diretoria do clube, comecei a ir aos bailes com 12 anos de idade”, conta. Acrescentou que foi ali que nasceu o Italian Boys, um famoso grupo de Pedrinhas Paulista.

A empresária disse que vários pedrinhenses, inclusive alguns que moram no exterior, fazem parte de um grupo no Whatsapp, o “Pé Vermeio”. “Nesse grupo a gente tem compartilhado fotos e lembranças dessa época”.

Marina frisou que para ela o incêndio foi um episódio muito significativo. “É uma perda pessoal muito grande, da nossa identidade, porque vivemos várias histórias”.

Para a comunidade, acredita que também seja um enorme prejuízo. “Muita gente viveu várias histórias ali. Quantos casamentos, quantos primeiros bailes, quantos primeiros aniversários aconteceram ali?”.

E, para o município, considera uma perda ainda maior ainda. “É uma perda patrimonial. É uma arquitetura que, embora não remeta às construções da Itália, faz parte a arquitetura de sua época”.

Desenvolvimento

A coordenadora pedagógica do Jardim da Infância, Rosa Aparecida da Costa Gomes, também comentou os momentos vivenciados no Espaço Eco. Lembrou que, na época em que se mudou para Pedrinhas, há 40 anos, o espaço era o único lazer que a juventude tinha. “O primeiro baile (de Aleluia) que fui com meu namorado na época – que depois se tornou meu esposo – foi naquele salão”, relata. “Os bailes eram uma coisa fantástica. O espaço era pequeno e até hoje não sabemos como abrigava tanta gente”.

Rosa Gomes: “Ficaram marcados os aniversários de pessoas queridas e festas de casamento dos amigos”

Rosa diz que foi uma época muito boa, que ficou registrada em sua memória. “Também ficaram marcados os aniversários de muitas pessoas queridas e festas de casamento dos amigos da época. Era um espaço de confraternização, de lazer, de encontro dos casais”.

A coordenadora pedagógica contou que, com o passar do tempo, o local foi reformado. Na época em que trabalhou na Prefeitura de Pedrinhas, os projetos da Secretaria Municipal da Assistência Social passaram a ser desenvolvidos lá. Foram ministrados muitos cursos para crianças e pessoas da comunidade.

Ela destacou que o espaço era tão bonito e agradável que a superintendência de Marília sempre escolhia Pedrinhas Paulista para fazer reuniões com as mulheres. Rosa e sua equipe organizaram vários chás da tarde e jantares para os idosos naquele salão. “Para aqueles que ficavam em casa e não participavam da Terceira Idade, fazíamos um encontro anual, com sorteio de prêmios”.

A coordenadora pedagógica frisa que espaço marcou, e muito, o desenvolvimento da cidade em seus diferentes períodos. “Até nos dias atuais, antes de acontecer esta tragédia, muitas pessoas passavam por lá, tiravam fotos, porque ficou um lugar agradável, ao lado do bosque, que chamava muito a atenção dos visitantes”.

Apesar da destruição física e da tristeza que tomou conta do coração do pedrinhense, Rosa afirma que a essência do Espaço Eco continua dentro de cada um. “Quando vi de longe a fumaça, o sentimento foi de lembranças sendo queimadas e esvaziadas com aquele fogo”. Mas, apesar desse sentimento, disse que com certeza elas não se apagarão e ficarão na memória dos pedrinhenses para o resto da vida.

Memória coletiva

Desolação. Esse foi o sentimento da farmacêutica Mirta Franz. “Foi desolador ver um prédio que fez parte da minha infância e juventude ser consumido pelo fogo de uma forma tão rápida”, lamenta. “E você se sente impotente, sem ter o que fazer. Tivemos que esperar os caminhões-pipa chegarem para conter o fogo e ficar olhando aquilo ser consumido de uma forma tão rápida sem poder fazer nada”.

Mirta Franz: “Nossa juventude usou muito aquele espaço; final de semana tinha festa”

Mirta recordou que ali era “o” salão de festas da cidade. “Tudo acontecia ali: casamentos, batizados, bailes”, relata. “A nossa juventude usou muito aquele espaço. Era um ponto de encontro e todo final de semana tinha festa”.

Mirta contou que todas as apresentações que agora são feitas no cine teatro aconteciam no salão. “Eu tocava violão e as apresentações de final de ano eram ali. Tinha um palco e a acústica era muito boa, pois foi projetado para isso”.

O local de reunião não era apenas no salão de festas, mas também na biblioteca. “Eu frequentei muito a biblioteca. Convivíamos ali todos os dias”.

A farmacêutica também falou sobre o grupo de Whatsapp do qual fazem parte pedrinhenses que estão na cidade e pelo mundo todo. Disse que postou fotos do incêndio no grupo e todos lamentaram bastante.

Mas a tragédia serviu também para trazer à tona novamente muitas memórias. Mirta citou como exemplo os shows de bandas cover que eram promovidos no Espaço Eco. “O pessoal começou a postar as fotos novamente, como as do primeiro espetáculo do Kiss Cover”, conta. “Começamos a reviver todas as nossas memórias”. Ela garantiu que essas memórias, as risadas, os momentos alegres e de diversão não serão consumidos pelo fogo.

Da Redação

Folha de Pedrinhas

 

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