Na última terça-feira, dia 1º, foi analisado na Câmara Municipal de Cruzália o Projeto de Lei nº 595/2015, que dispõe sobre o Programa de Educação Ambiental do município a ser implantado na Rede Municipal de Ensino. Ponto polêmico da discussão foi o inciso VIII do Artigo 7º, que tratava da realização da “Segunda-Feira sem Carne” na Rede e também o Artigo 8º, que pretendida instituir, em caráter permanente, a Campanha “Segunda Sem Carne” nas escolas da Rede Municipal de Ensino, ficando proibido o fornecimento de carnes e seus derivados às segundas-feiras.
O vereador Mauro Pacelli Nogueira de Souza não concordou com a campanha e apresentou emenda excluindo o inciso VIII do Artigo 7º e todo o Artigo 8º, emenda aprovada por unanimidade pelos demais vereadores do Legislativo cruzaliense.
Segundo o autor da emenda, todos os dias ocorre um bombardeio sobre os mais variados alimentos, principalmente a carne, pois existe uma parte da sociedade que é vegetariana. Ele comenta que os consumidores estão expostos a interesses que tentam manipular seu comportamento por meio de declarações passionais e sem qualquer base científica alguma e que coloca em cheque o trabalho sério de pesquisadores.
“Não é possível colocar a carne como vilã da alimentação humana. Precisamos ter em mente que existem alimentos fundamentais à saúde e, dentre estes, a carne, importante fonte de proteínas, minerais e ácidos graxos, além de importantes vitaminas como a tiamina, niacina, riboflavina, vitaminas B6 e B12 e os ácidos fólico e pantotênico. Além disso ela contribui com minerais K, P, MG e, principalmente o ferro e o zinco. No caso do ferro, o consumo de carne é aconselhável por ser uma fonte fundamental de ferro-heme, uma forma de mineral que é absorvida mais eficientemente pelo organismo. Ela possui, ainda, alta concentração de ácido linoleico conjugado (CLA), composto associado à prevenção e combate de determinados tipos de câncer”, explicou ele.
Para Mauro, um projeto desta natureza pode ser um problema, já que as crianças em fase escolar estão com o intelecto em formação e a proibição do consumo de carne em um dia na semana teria que ter um motivo, e este motivo alegado seria os malefício da carne. Ele destaca que isso eventualmente ocorre quando há o consumo exagerado e também pela gordura existente em algumas partes. Mas não se trata de uma regra geral.
Segundo o vereador, atitudes como esta, se tornando uma prática geral, podem até afetar a cadeia do Agronegócio. Atualmente o Brasil é o 34º país do mundo em consumo de carne, sendo que os EUA tem o dobro de consumo. “Cruzália já conta com uma nutricionista justamente para preparar cardápios variados e balanceados para uma melhor qualidade de vida, sem que isso precisa ser imposto por uma Lei”, argumenta.
Para o vereador, que também é médico veterinário, tal atitude pode ser um “tiro no pé”, uma vez que o Agronegócio Brasileiro é responsável por um terço do PIB e dos empregos do país, sendo o maior exportador e o segundo maior produtor de carne bovina e de frango, terceiro maior exportador e produtor de carne suína e o segundo maior produtor de soja.
“Na nossa região, por exemplo, produzimos soja e milho que é usado, em grande parte para a alimentação animal. Tudo isso é uma cadeia e, o que afeta um setor, afeta o outro. Às vezes fico me perguntando o que pode haver por trás disso, pois o Brasil, pelos dados citados, incomoda muito. Precisamos ficar atentos com as informações que nos são apresentadas. Além disso, posso até estar enganado, mas este tipo de ‘proibição’ pode até mesmo ser inconstitucional”, encerra Maurão, que agradece aos vereadores por terem sido favoráveis à emenda.
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